Quatro moradas de bem comer em redor do Alvão

Carnes maronesas, fornos a lenha, fumeiro de bísaro, Vinhos Verdes a combinar com tudo isso: quatro restaurantes para juntar mais pretextos a um passeio primaveril pelo Parque Natural do Alvão.

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Ao Mãe Aida, em Ribeira de Pena, vai-se pelo ambiente acolhedor, mas também pela substancial posta na tábua. Maria João Gala
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Neste breve roteiro de boa mesa listamos quatro restaurantes que têm comum a localização, na orla do Parque Natural do Alvão, de terem sempre presente nas suas cartas a carne maronesa, obtida a partir de bovinos provenientes da área delimitada pelas serras de Marão, Alvão e Padrela, e de ficarem quase todos dentro da Região dos Vinhos Verdes.

Mãe Aida

O Mãe Aida não é um restaurante convencional, daqueles com uma grande lista de pratos muito elaborados. É, antes, um sítio com óptimas tapas, tendo como clientes muitos turistas espanhóis e de Lisboa e Porto que frequentam o Parque Pena Aventura, onde há uma série de actividades de lazer em contacto com a natureza e que fica a pouco mais de quatro quilómetros.

Abriu em Julho de 2019 e, desde então, Maria Adelaide, a proprietária, e o marido, Bráulio Ferreira, fazem questão de não baixar a guarda e apresentar uma deliciosa sopa de peixe, completando-se a ementa com ovos rotos, pataniscas, bacalhau e posta na tábua.

O atendimento é atencioso e eficaz e as crianças são muito bem-vindas.

O espaço é pequeno, apenas 18 lugares, que no Verão se alarga a mais 20 com a esplanada do exterior.

Maria Adelaide Ferreira abriu o Mãe Aida em 2019, como homenagem ao amor materno da avó que a criou. Maria João Gala
Os vinhos da Região dos Vinhos Verdes têm lugar de culto no Mãe Aida, com forte presença de referências locais. Maria João Gala
Na carta concisa do Mãe Aida, as pataniscas de bacalhau têm lugar cativo. Maria João Gala
Na sala, pequena e acolhedora, há apenas 18 lugares, que lhe acentuam o ambiente de proximidade. Maria João Gala
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Maria Adelaide Ferreira abriu o Mãe Aida em 2019, como homenagem ao amor materno da avó que a criou. Maria João Gala

Os vinhos da Região dos Vinhos Verdes têm aqui um lugar de culto, com uma esmagadora presença de referências regionais. Quando os clientes pedem uma sugestão ao pessoal da casa, o mais certo é recomendarem o Adega do Mato, um monocasta de arinto produzido no concelho, que liga muito bem com a maioria das iguarias servidas.

Também o nome da casa tem o seu toque de grande simbolismo. A senhora de nome Aida não era mãe de Maria Adelaide, mas sim sua avó. Morreu aos 97 anos e foi quem a criou e que também criou estes laços de ternura que levaram a perpetuar a sua memória no nome do restaurante.

Mãe Aida
Avenida da Noruega, 21 r/c, Ribeira de Pena
Tel.: 259093262
Das 12h30 às 15h30 e das 19h30 às 22h
Encerra ao domingo e à segunda
Preço médio: 20 euros

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Rita Gomes, de Espinho, encontrou em Vreia de Jales o restaurante de aldeia que procurava para o seu projecto gastronómico de cozinha de proximidade, com o parceiro João Pires, de Vila Real. João Peixoto

Forno de Jales

Dois jovens, ela de Espinho, ele dos arredores de Vila Real, conheceram-se na Escola de Hotelaria do Porto e resolveram enfrentar o futuro juntos — num restaurante, pois claro. Procuraram, sempre com o desejo que fosse um restaurante de aldeia. Encontraram o seu sítio em Vreia de Jales, freguesia do concelho de Vila Pouca de Aguiar.

A aventura de Rita Gomes e João Pires começou há apenas alguns meses, no Forno de Jales, aberto desde 1 de Dezembro de 2023. O restaurante já existia, em regime familiar, mas os anos da pandemia ditaram-lhe o fim.

A existência de um forno a lenha e de fogo no chão agradou imenso a Rita e João, que deitaram mão à obra. Começaram a chegar os clientes: um terço é gente da zona, outro terço vem de Vila Real, e o restante da região Norte, sobretudo Santo Tirso, Braga, Guimarães. O mobiliário e a decoração da casa são de muito bom gosto, num misto de tradição e modernidade.

Logicamente a maioria dos pedidos passa pela carne maronesa, pelo porco bísaro e pelo fumeiro, igualmente de porco bísaro, proveniente de perto de Vidago. Há também bacalhau, algum peixe muito fresco vindo diariamente da lota de Matosinhos e trutas de Boticas.

Restaurante Forno de Jales, em Vreia de Jales (Ribeira de Pena) João Peixoto
Restaurante Forno de Jales, em Vreia de Jales (Ribeira de Pena) João Peixoto
Restaurante Forno de Jales, em Vreia de Jales (Ribeira de Pena) João Peixoto
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Restaurante Forno de Jales, em Vreia de Jales (Ribeira de Pena) João Peixoto

Rita sublinha que é muito importante conhecer bem os produtos locais e é isso que fazem, frequentando feiras e entrosando-se com a comunidade, onde vão descobrindo os melhores queijos e os legumes mais saborosos.

A sobremesa mais famosa é a rabanada, feita com brioche de noz e avelã, regado com molho de canela e acompanhado de maçã caramelizada.

Quanto aos vinhos, os que têm mais saída são de Trás-os-Montes e Douro, não descurando, no entanto, os Vinhos Verdes, cuja região começa logo ali ao lado.

O restaurante fica numa rua estreita de aldeia, mas há estacionamento a menos de 30 metros.

Forno de Jales
Rua Brasil, 5, Vreia de Jales (Vila Pouca de Aguiar)
Tel.: 916301886
Almoços aos fins-de-semana, das 12h30 às 15h30. Jantares de quinta a sábado, das 19h30 às 22h30.
Encerra de segunda a quarta.
Preço médio: 35 euros

O granito e as madeiras marcam o ambiente da Adega Regional 7 Condes, cuja decoração dá particular atenção à oferta de vinhos. DR
A Adega Regional 7 Condes fica no coração da zona histórica de Mondim de Basto. DR
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O granito e as madeiras marcam o ambiente da Adega Regional 7 Condes, cuja decoração dá particular atenção à oferta de vinhos. DR

Adega Regional 7 Condes

A localização é, por si só, um momento de saudável descoberta. A Adega Regional 7 Condes fica no coração da zona histórica de Mondim de Basto, num sólido edifício de granito.

Há 22 anos que na sua cozinha se continua a seguir, com rigor, o uso absolutamente preferencial de produtos da terra onde a carne maronesa é rainha, fornecida pela Cooperativa Agrícola de Vila Real.

A equipa é chefiada por Paulo Pereira, agora também acolitado pela sua mulher Maria Justina Pereira, que se reformou da sua função de professora de Matemática. Na cozinha oficiam Lurdes Oliveira, ao comando de tachos e panelas desde a fundação da casa, e Marisa de Fátima a fazer-lhe companhia há 15 anos.

As iguarias (não é exagerado chamar-lhes assim) mais pedidas são aquelas confeccionadas com a tal carne: posta, misto maronês (chã de fora, costeleta e costela mendinha), ou um assado que pode ter carne da alcatra, do lombelo, do pojadouro ou da rabadilha feito em forno a lenha (disponível todos os domingos e apenas por encomenda nos outros dias), onde também é cozida a broa que acompanha as refeições.

O bife na pedra, o bacalhau com broa ou grelhado em carvão de casca de coco (que lhe transmite um sabor sensacional), a par do polvo, com acompanhamento de batatas a murro ou de grelos e outros legumes, no tempo deles, são outros eleitos dos clientes.

Antes vêm as entradas, chouriça de carne, pataniscas, alheiras, tudo feito na casa. Depois seguem-se as sobremesas, também tudo caseiro. Para acompanhar, uma selecção de vinhos bastante completa de várias regiões portuguesas, onde sobressaem mais de meia centena de referências da Região dos Vinhos Verdes.

Adega Regional 7 Condes
Travessa do Escourido, 13, Mondim de Basto
Tel.: 255382342
Das 12h às 22h. Encerra à segunda
Preço médio: 25 euros

A Adega Escondidinho nasceu há sete anos, pela mão de Samuel Peneda (na imagem, à esquerda), focado em fazer jus à boa comida da região. DR
A aposta da Adega Escondidinho centra-se muito na carne maronesa, apresentada em várias confecções, sempre bem acompanhada por batatas e migas de couve-galega e feijão. DR
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A Adega Escondidinho nasceu há sete anos, pela mão de Samuel Peneda (na imagem, à esquerda), focado em fazer jus à boa comida da região. DR

Adega Escondidinho

Foi na Rua Velha, situada, como o nome sugere, no núcleo histórico de Mondim de Basto, que Samuel Peneda, com 20 e poucos anos, de canudo em Marketing e Publicidade na mão, resolveu abrir um restaurante que fizesse jus à boa comida da região. Já lá vão sete anos e, a avaliar pelas críticas dos clientes, a alta qualidade, quer da comida, quer do atendimento, tem-se mantido.

Quem são os seus clientes? Um bocadinho de tudo: de semana pessoas da terra, a tratar de negócios ou em família. Ao fim-de-semana, sobretudo grupos, de amigos ou de famílias. E sempre, hóspedes de hotéis da zona.

A aposta centra-se muito na carne maronesa, apresentada em várias confecções, desde a vitela grelhada no carvão, à costeleta igualmente grelhada ou a famosa posta, tudo muito bem casado com o acompanhamento de batatas assadas a murro e migas de couve-galega e feijão.

Para quem não quiser carne há os pratos de bacalhau, grelhado ou frito com cebolada e batatas fritas às rodelas (conhecido como bacalhau à moda de Braga), ou o polvo à lagareiro.

Alheiras e morcela são servidas como entrada. Quanto a sobremesas, a mais famosa da casa é o leite-creme queimado.

Os Vinhos Verdes, maioritariamente os de Mondim de Basto, marcam presença na carta do Escondidinho. A começar pelo vinho da casa, o Encosta do Rolão, continuando a oferta com os vinhos da Casa Santa Eulália e o Conhos, um novo produtor. Do outro lado do Tâmega, o arinto D. Diogo, da Quinta da Raza, que se apresenta com boa estrutura.

Adega Escondidinho
Rua Velha, 134, Mondim de Basto
Tel.: 917489754
Das 11h às 16h e das 19h às 23h30. Encerra à terça
Preço médio: 25 euros


Este artigo foi publicado na edição n.º 12 da revista Singular.

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